sábado, 3 de setembro de 2011

Crianças fogem para a África do Sul em busca de melhores condições de vida




Maputo - Crianças moçambicanas vão para a África do Sul "à procura de emprego, a fugir de problemas e maus-tratos na própria família", mas ali são abusadas sexualmente, denunciou a Rede Contra o Abuso de Menores em Moçambique (RCAM).

"Nós verificamos que várias crianças deslocam-se para a África do Sul em busca de melhores condições de vida como o emprego, e por causa de maus-tratos no seio da família, disse na quinta-feira à Lusa Fidelina Mondlane, coordenadora do RCAM, após um seminário realizado em Maputo sobre crianças em movimento na África Austral.

A responsável acrescentou que as crianças são submetidas a condições de viagem "deploráveis", e quando chegam à África do Sul são "abusadas sexualmente". 

Em 2008, a RCAM realizou um estudo nas zonas transfronteiriças da província de Maputo (Ressano Garcia, Ponta de Ouro, Goba e Namaacha) e na província de Gaza (Chókwè), zonas onde, segundo a coordenadora do projecto, os motivos que levam as crianças a emigrar são completamente diferentes.

"Na Ponta de Ouro, notamos que as crianças vão à África do Sul por causa da falta de acesso à informação nacional, pois neste ponto do país não há acesso a emissoras de rádio e televisão nacionais", lamenta Fidelina Mondlane.

Mas também há emigração forçada decorrente dos casamentos prematuros, recordou Fidelina Mondlane, falando de um caso concreto na província de Gaza.

"Em Chókwè, uma menina dos seus 15 anos foi obrigada pela mãe a casar com um homem de 40 e poucos anos porque ele tinha melhores condições e acabou levando-a para a África do Sul. Não sabemos em que condições ela se encontra", lamentou a coordenadora.

Já na Namaacha, disse, as crianças emigram por serem impedidas de ir à escola pela família, madrastas, em muitos casos, ou mesmo pelas próprias mães, e obrigadas a vender vários produtos nas zonas fronteiriças. 

O tráfico de menores, que acabam explorados sexualmente ou em condições de escravatura laboral, constitui uma preocupação crescente em Moçambique.

Um relatório elaborado pela Organização Internacional das Migrações estima que, anualmente, 1.000 crianças e mulheres são traficadas de Moçambique para a África do Sul para exploração laboral e sexual ou exploração comercial.

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