terça-feira, 19 de outubro de 2010

Espanha - Crianças pobres em um mundo rico

No território espanhol existe 1.7 milhões de crianças em situação de risco, a taxa de pobreza infantil mais alta  da Europa. Segundo o relatório da Inclusão Social na Espanha, elaborado pela Obra Social Caixa Catalunya, um entre quatro crianças na Espanha são pobres e no caso das crianças imigrantes, a metade vive na pobreza.

O estudo confirma que 20% da população na Espanha vivem em situação de pobreza moderada. As maiores vítimas são as crianças e os idosos/as.

As transformações no mercado de trabalho e as mudanças radicais nas estruturas familiares têm feito surgir novos coletivos vulneráveis. O perfil tradicional da pobreza (anciãos e desempregados por longo tempo), vê-se, agora, ampliado com novos rostos: os das crianças e os dos imigrantes.
Os bons resultados econômicos dos últimos anos não têm sido acompanhados por um decréscimo no número de pobres. Por meio de pensões, o Estado de bem-estar atua como rede de proteção diante de situações de precariedade mais evidente.

Porém, no caso das crianças, a proteção pública não é suficiente. Somente um, em cada dez lares com menores de 16 anos, recebe prestações sociais e ajudas pelos filhos. Dessas crianças, somente 6% consegue sair da pobreza graças a ajudas públicas. As crianças e os jovens dependem, sobretudo, da situação dos pais, especialmente de sua relação com o trabalho. O maior risco de pobreza infantil, um 62%, acontece nos lares monoparentais onde o progenitor encontra-se desempregado.

Para os anciãos, a falta de recursos pode representar um deterioro na qualidade de vida e ir acompanhado de situações de solidão e abandono. Para as crianças e jovens, a pobreza representa não somente uma restrição de suas condições de vida atuais, mas a perda de suas oportunidades futuras.

"Jogamos com o futuro e com o presente de muitas crianças; não esqueçamos que tanto o fracasso escolar quanto os comportamentos delitivos de muitos jovens estão diretamente relacionados com a pobreza", afirma Carme Gómez-Granell, coordenadora do relatório.

A metade das crianças menores de 16 anos imigrantes vive em lares pobres e o risco de padecer as formas mais graves de pobreza também é quase quatro vezes superior para os estrangeiros do que para os espanhóis.

A realidade de 1.700.000 crianças em situação de risco é um problema muito grave que precisa de uma solução política urgente, com medidas integrais que incluam prestações sociais, apoio educativo e políticas de  emprego. Os responsáveis políticos deveriam redefinir suas agendas e prioridades para responder às necessidades emergentes da população mais vulnerável.

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