Com o objetivo de denunciar o genocídio, assassinatos e a
violência, o Cimi lança o documento Povos Indígenas: aqueles que devem viver -
Manifesto Contra os Decretos de Extermínio.
O manifesto foi apresentado durante audiência na Comissão de
Direitos Humanos da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 4. Na ocasião, a
Associação dos Juízes pela Democracia (AJD) e o Cimi entregaram manifesto
subscrito por mais de 20 mil pessoas que aderiram à campanha Eu Apoio a Causa
Indígena.
“Se durante a ditadura militar a resistência dos Waimiri Atroari
ante a construção da rodovia transamazônica, na década de 1970, foi reprimida
com bombas, metralhadoras e até armas químicas, hoje tal premissa genocida
segue em curso na busca por uma identidade nacional desenvolvimentista,
homogênea, sem a presença das comunidades em seus territórios tradicionais. Um
exemplo é a construção de megaprojetos (estradas, hidrelétricas e projetos de
mineração), que por onde passam deixam rastros de destruição e morte”, lê no
site do Cimi.
O extermínio contra os indígenas continua através do
confinamento dos povos e comunidades em terras insuficientes, da morosidade do
governo na condução dos processos de demarcação das terras de povos que vivem
em acampamentos provisórios, com o descaso na área da saúde e educação. Segue
ainda na omissão do poder público diante das agressões cotidianas sofridas
pelos povos, além da invasão do território tradicional por madeireiros,
fazendeiros, narcotraficantes. A violência sistemática é cometida contra como
um decreto de extermínio que nunca foi revogado pelas forças anti-indígenas. Alguns
exemplos concretos podem ser apresentados, como é o caso do povo Xavante de
Marãiwatsédé, no Mato Grosso, em luta pela extrusão do seu território invadido
por fazendeiros. Também dos Guarani Kaiowá e Terena do Mato Grosso do Sul,
expropriados de suas terras pelo agronegócio, vivendo em situações desumanas.
No mesmo estado, os Kadiwéu tiveram suas terras demarcadas há mais de 100 anos
e correm o risco de serem novamente expulsos.
Chamam também a nossa atenção as dezenas de acampamentos à beira
de rodovias, espalhados na região sul do país, nos quais os povos Guarani e
Kaingang enfrentam baixas temperaturas e o perigo dos atropelamentos. No
Maranhão, os Awá-Guajá sofrem as mais diversas pressões, com destaque para
assassinatos e invasões de terras homologadas.
Embora seja consenso a importância da pluralidade étnica e
cultural, por outro lado não existem políticas concretas em defesa do modo de
viver dos indígenas, em pese tais povos tenham seus direitos resguardados pela
Constituição Federal. Após quase 40 anos (1974) da publicação do documento
Y-Juca-Pirama: O índio aquele que deve morrer - que denunciou a política
genocida do governo brasileiro e gerou impacto junto à opinião pública nacional
e internacional, durante os anos da ditadura - muita das ameaças aos povos
indígenas denunciadas pelo Cimi naquela ocasião ainda persistem.
O Cimi publica esse segundo manifesto no intuito de concretizar
a profecia anunciada pelo Y- juca Pirama: “Chegou o momento de anunciar, na
esperança, que aquele que deveria morrer é aquele que deve viver”.
O sumário do manifesto ainda traz um bloco de artigos sobre o
projeto de vida dos povos indígenas, os principais documentos indígenas dos
últimos 40 anos e a republicação do Y Juca Pirama, lançado em 1974. Como anexo,
as terras e povos indígenas afetados pelos grandes empreendimentos.
Fonte: CIMI
Fonte:
http://migre.me/chpzy
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