ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO-GERAL
DA INFÂNCIA MISSIONÁRIA Pe. PATRICIO BYRNE, S.V.D.
DA INFÂNCIA MISSIONÁRIA Pe. PATRICIO BYRNE, S.V.D.
2. Por que, em determinados ambientes eclesiásticos, a Infância Missionária não é muito conhecida?
Um problema que notei, primeiro ao longo dos meus anos como Diretor Nacional no Equador e, agora, como Secretário-Geral, é que existem sacerdotes e Bispos que não receberam uma formação missionária ad gentes. Eles seguiram cursos de dogmática, de espiritualidade, de moral, etc., mas sem qualquer referência à realidade missionária da Igreja. Se tivessem estudado esta realidade da Igreja, conheceriam o grande protagonismo da Infância Missionária, prestando uma ajuda moral e econômica a inúmeras crianças, nestes 160 anos de existência. Encontro-me com sacerdotes, na África por exemplo, que estão conscientes de ser presbíteros porque, desde o princípio, desde a escola primária, receberam uma certa ajuda, primeiro da parte da Infância Missionária e em seguida, no seminário, da parte da Obra de São Pedro Apóstolo. Contudo, ao mesmo tempo, também encontro outros presbíteros que nem sabem que foram beneficiados por esta ajuda. Por isso, para mim, trata-se de uma questão de formação. Temos de continuar a insistir para que, em todas as regiões do mundo, nos nossos seminários, se ensine a missiologia. A missão é uma tarefa que compete a todos.
3. A espiritualidade da criança acompanha as tendências da secularização, o racionalismo, etc., como nos adultos, ou segue caminhos que lhe são próprios?
Na minha opinião, em cada geração manifestam-se novas tendências, e as crianças são influenciadas por elas. Nos nossos tempos modernos, nem sempre é fácil falar com as crianças, especialmente no mundo ocidental. Este ambiente, às vezes, é pós-cristão. Todavia, mesmo em tais casos, se se apresenta uma mensagem positiva, uma mensagem que sensibiliza os corações, as crianças respondem. Acho que devemos ser maduros e ver a espiritualidade da criança de hoje dentro do contexto da secularização e de todas as outras grandes mudanças destes tempos. Devemos ajudar a criança a ver a realidade do seu mundo moderno, mas sempre, por sua vez, apresentando-lhe o compromisso fundamental com Jesus Cristo.
4. A partir de que idade é possível participar da Infância Missionária, e até quando? E depois?
Depende, como sempre, de cada país, mas em geral as crianças começam a percorrer seu caminho na Infância Missionária com cinco anos de idade, e ali continuam até completar 14 anos. Repito, poderá haver diferenças, em conformidade com os vários países. O que acontece, em seguida? Esta é uma boa pergunta, porque é precisamente esta idade que constitui um período difícil para o adolescente que, física e psicologicamente, passa por mudanças. Na América Latina temos um movimento chamado “Jovens sem Fronteiras”. Além disso, contamos com a “Pré-Adolescência Missionária”. Através dela, trabalhamos vigorosamente com adolescentes de 12 a 16 anos, e levamo-los a assumir a responsabilidade de dirigir os grupos da Infância Missionária, e de experimentar a missão, ajudando em setores onde não há disponibilidade de sacerdotes. Eu mesmo costumava trabalhar assim, com os adolescentes no Equador. Na minha opinião, o problema é mais complicado nos países economicamente mais desenvolvidos. Trata-se de um aspecto da missão que devemos aprofundar muito mais, para podermos orientar os jovens que passaram pela Infância Missionária e que agora querem continuar seu compromisso missionário, mas que às vezes encontram dificuldades de organização, depois dos 14 anos de idade.
5. A organização e as características da Infância Missionária dependem de cada país, de cada diocese e de cada grupo?
Sim, mas ao mesmo tempo existe uma organização que é básica. As pessoas que querem trabalhar com a Infância Missionária devem adaptar-se a uma determinada filosofia de vida que temos, em virtude da experiência adquirida desde o período de D. Forbin-Janson até hoje, mas obviamente deixamos uma certa liberdade a cada país, a cada diocese e a cada grupo. Normalmente, em um determinado país, pede-se que cada diocese siga um estilo análogo. De vez em quando, aqui no Secretariado Internacional recordamos às Direções Nacionais alguns elementos característicos da Infância Missionária, como por exemplo o fato de que a própria Infância Missionária é claramente uma missão ad gentes. Existem muitos grupos que procuram realizar boas obras no seu próprio país, mas sem fazer qualquer referência à missão universal. Nós, pelo contrário, devemos estar sempre orientados para a dimensão missionária ad gentes da nossa Igreja.
6. Neste último ano, o Santo Padre João Paulo II falou muito sobre a Infância Missionária. Por quê? Esperava-se um gesto deste tipo?
Sim, isto deve-se a nós, que estamos trabalhando na Infância Missionária. Nós, aqui em Roma, sempre informamos o Santo Padre sobre o caminho percorrido pela Infância Missionária. Há dez anos, quando celebramos o sesquicentenário da Infância Missionária, o Santo Padre conhecia muito bem este evento, e desta vez, no corrente ano, em que estamos celebrando os 160 anos da Infância Missionária, pedimos-lhe que escrevesse uma carta especial a todas as crianças do mundo. Então, este é o resultado do contato que temos com o Santo Padre, do fato de lhe pedirmos sempre sua bênção e de o informarmos sobre os frutos da própria Infância Missionária, enviando-lhe sempre os boletins e os livros que publicamos; na minha opinião, o Papa está perfeitamente consciente da importância desta Obra. Ele ajudou-nos em grande medida com sua autoridade e com sua animação, para continuar com toda a difusão da nossa mensagem. Ele é o primeiro animador da Infância Missionária. Nos nossos contatos com o Santo Padre é também essencial a ajuda do nosso Prefeito, o Cardeal Crescenzio Sepe.
7. A Ásia é o continente com a menor presença de cristãos. Ultimamente, o senhor realizou diversas viagens a essa região. Também a Infância Missionária é frágil no interior daquelas Igrejas?
Em primeiro lugar, devo dizer que, pelo que pude constatar durante minhas viagens, a Infância Missionária está crescendo em todas as regiões do mundo. Em todos os países verifica-se um esforço extraordinário, em vista de fazer com que as crianças conheçam e vivam a Infância Missionária. Nos últimos cinco anos, nossa filosofia consiste em insistir no estabelecimento da Infância Missionária com nossos Diretores Nacionais, tendo sempre em conta a situação local, mas falando sem timidez sobre a necessidade de compartilhar todas as potencialidades que oferece a Infância Missionária. Recentemente, viajei com maior frequência à Ásia, porque essa é a região do mundo que eu menos conhecia. Graças a Deus, em países como o Sri Lanka, a Indonésia, a Índia e a Tailândia, observei um grande progresso na animação missionária das crianças. Registra-se um progresso análogo também em outros países, como a Coréia, que contudo ainda não pude visitar. Por isso, não acho que a Infância Missionária seja frágil em tais regiões, mas é claro que esperamos um crescimento ainda maior em todo o continente asiático.
Fonte: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cevang/p_missionary_works/infantia/documents/rc_ic_infantia_doc_20090324_boletin11p9_po.html
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